Quando eu era da idade dos liliputianos, acreditava que o nosso cérebro tinha infinitas gavetas onde guardávamos todas as nossas memórias... gavetas fechadas, abertas, empenadas, cheias, vazias... A Terra dos Liliputianos é uma extensão do nosso cérebro, com gavetas sempre disponíveis para recordar.

Seja bem vindo à nossa terra, um caderno de viagens do tamanho das crianças.



sexta-feira, 22 de junho de 2007

Memórias

'Lembras-te quando eu cantava para o mano adormecer?' - F5, à hora do jantar.
Afinal, a nossa memória não passa de um grande conjunto de ficheiros temporários. Só quando se escreve a palavra-chave, é que podemos aceder ao resto do conteúdo. Eu já não me lembrava das lenga-lengas que o F4 inventava, e cantava durante longos minutos até o irmão adormecer. Agora recordo que era o F4 que tinha que escolher o animal estampado na fraldinha (ainda minúscula) para dar ao irmão. O escudo de protecção do F4 funcionava logo que alguém (que não o pai ou a mãe) se aproximava do S - ' É o meu mano, não faças isso, que ele não gosta... eu também sei pegar nele ao colo.' O orgulho de irmão foi muito evidente nos primeiros meses de vida. Só o F4 distinguia os diferentes cheiros do irmão - 'mãaaaaaaae, é um tinoni, tens de mudar a fralda.'
Quando nos apercebemos que o F5 interiorizou a nossa linguagem (e entoação) para ensinar e repreender o irmão, rimo-nos do ridículo de algumas frases e palavras que nós dizemos, só por dizer.
O F4 teve (e têm) a capacidade de arrancar as primeiras gargalhadas do irmão. Talvez seja por isso que o F5 é o ídolo do S1. Actualmente já nos encontramos na fase de ' não mexas, que esse brinquedo é meu - palmadinha no rabinho, ou, mãaaaaaaae, o S1 colocou um berlinde na boca! - mas continua a existir uma cumplicidade saudável, esperemos nós que seja por muito tempo.

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